Retroafeto Deslocado

O retroafeto deslocado é o sentimento por outrem, incompatível, improcedente, impróprio e anacrônico em relação ao atual contexto vivencial, reavivado espontaneamente devido à associação, consciente ou não, com experiências relacionais intrafísicas pretéritas, carente de reavaliações e neopareceres, tornado empecilho à qualificação realista, cosmoética, dos vínculos interconscienciais.

Você, leitor ou leitora, identifica retroafetos deslocados direcionados aos compassageiros evolutivos? Quais providências tem sido tomadas diante dessa constatação?

      RETROAFETO DESLOCADO
                                 (PSICOSSOMATOLOGIA)


                                         I. Conformática

          Definologia. O retroafeto deslocado é o sentimento por outrem, incompatível, improcedente, impróprio e anacrônico em relação ao atual contexto vivencial, reavivado espontaneamente devido à associação, consciente ou não, com experiências relacionais intrafísicas pretéritas, carente de reavaliações e neopareceres, tornado empecilho à qualificação realista, cosmoética, dos vínculos interconscienciais.
          Tematologia. Tema central nosográfico.
          Etimologia. O elemento de composição retro deriva do idioma Latim, retro, “por detrás; atrás”. Apareceu no Século XV. O vocábulo afeto procede do mesmo idioma Latim, affectus, “estado psíquico ou moral, bom ou mau; afeição; disposição de alma; estado físico; sentimento; vontade”. Surgiu no Século XV. O prefixo des provém do idioma Latim, dis ou de ex, “negação; oposição; falta; separação; divisão; aumento; reforço; intensidade”. A palavra locar deriva também do idioma Latim, locare, “alugar; arrendar; pôr; colocar; pousar; postar; dispor; situar; estabelecer”, de locus, “lugar”. O vocábulo deslocado apareceu no Século XVII.
          Sinonimologia: 01. Retroafeto anacrônico. 02. Retroafeto antiquado. 03. Retroafeto extemporâneo. 04. Retroafeto obsoleto. 05. Retroafeto caduco. 06. Sentimento fossilizado. 07. Sentimento retrógrado. 08. Sentimento ultrapassado. 09. Retroemoção descontextualizada. 10. Emotividade arcaica revivida.
          Neologia. As 4 expressões compostas retroafeto deslocado, retroafeto deslocado amoroso, retroafeto deslocado raivoso e retroafeto deslocado queixoso são neologismos técnicos da Psicossomatologia.
          Antonimologia: 1. Retroafeto oportuno. 2. Retroafeto apropositado. 3. Retrotrauma superado. 4. Sentimento atualizado. 5. Emotividade contemporânea.
          Estrangeirismologia: a outdated emotion.
          Atributologia: predomínio das faculdades mentais, notadamente do autodiscernimento quanto à autocriticidade cosmoética.
          Coloquiologia: a emoção fora de moda, fora de ocasião e fora do tempo; o aninho em intocável mundinho afetivo pessoal.


                                           II. Fatuística

          Pensenologia: o holopensene pessoal sentimentalista; a fôrma holopensênica emotiva; os retropensenes; a retropensenidade; os egopensenes; a egopensenidade; os exopensenes; a exopensenidade fomentando emotividades infundadas; os retrovícios da autopensenidade; os bagulhos autopensênicos; a predominância de pensenes carregados no sen; a pensenidade tudo ou nada; a maneira de pensenizar polarizada em protagonistas e antagonistas; a autopensenização inapropriada à conjuntura existencial do momento.
          Fatologia: o retroafeto deslocado; o velho sentimento reavivado no presente; a carência de revisões de antigos afetos; as funções e papéis sociais desatualizados; os condicionamentos emocionais; as simpatias e antipatias cristalizadas; as aprovações e as oposições automáticas; as aceitações e incompreensões irrefletidas; as adorações e desafeições aguerridas; as condescendências e imperdoamentos incondicionais; as autoculpas e heteroacusações desproporcionais; as atuações e reações irracionais; a imaginação colocada à serviço de justificativas para as emotividades extemporâneas; as conjecturas delirantes; a autassedialidade sustentada levianamente; o fechadismo à reciclagem afetiva; a dramatização existencial incompatível com o atual nível evolutivo.
          Parafatologia: a autovivência do estado vibracional (EV) profilático; o reconhecimento do padrão das energias conscienciais (ECs) reavivando retroafetos; a interleitura parapsicosférica inconsciente levando à evocação espontânea de retroexperiência afetiva; a recordação emocional de conteúdo obscuro; as elucubrações sobre a raiz retrocognitiva das reatividades emocionais de hoje; as feridas emocionais mantidas abertas, intocadas, ao longo de múltiplas vidas; os retrotraumas incompreendidos; a postura emocional incongruente com a autobagagem multiexistencial.


                                           III. Detalhismo

          Principiologia: o princípio de as ECs serem o cartão de visitas da consciência; o princípio da empatia; o princípio da inseparabilidade grupocármica; o princípio do “se algo não presta, não adianta fazer maquilagem”; o princípio popular “o tempo não para”; o princípio de os fatos e parafatos orientarem as pesquisas; o princípio da evolução interassistencial.
          Codigologia: os códigos emocionais envelhecidos; o código pessol de Cosmoética (CPC) instaurando a opção pelas ortopensenizações.
          Teoriologia: a teoria das interprisões grupocármicas.
          Tecnologia: a técnica do EV; a técnica da desassim; a técnica da autocrítica cosmoética; a técnica do detalhismo e da exaustividade aplicada à autopesquisa; a técnica da recin; a técnica da ortodecisão reiterada; a técnica da qualificação cosmoética da intenção.
          Laboratoriologia: o laboratório conscienciológico da Pensenologia; o laboratório conscienciológico da Paragenética; o laboratório conscienciológico da Retrocogniciologia.
          Colegiologia: o Colégio Invisível da Grupocarmologia.
          Efeitologia: o efeito travão evolutivo dos retroafetos anacrônicos; os efeitos do reavivamento de retroafetos na primeira impressão; os efeitos das lavagens paracerebrais nos comportamentos; o efeito dominó das inutilidades, insensibilidades, emocionalidades, irracionalidades e imaturidades mimetizadas; o efeito avalanche dos atos interpresidiários.
          Neossinapsologia: as retrossinapses antiquadas impedindo a formação de neossinapses.
          Ciclologia: o ciclo vicioso da vingança.
          Enumerologia: a afetividade descriteriosa; a afetividade descautelosa; a afetividade desairosa; a afetividade desonrosa; a afetividade desastrosa; a afetividade desvantajosa; a afetividade inassistencial.
          Binomiologia: o binômio ideia não reformulada–ranço afetivo; o binômio egão-orgulho; a premência evolutiva do binômio autocrítica-heterocrítica.
          Interaciologia: a interação orgulho-capricho; a interação desamor-desinteligência; a interação lixo mental–cacareco emocional; a interação pensenes fossilizados–hábitos obsoletos; a interação patopensenidade–bloqueio encefálico; a interação hiperreatividade emocional–hiperdefensividade egóica; a interação distorções mnemônicas–ficção holobiográfica.
          Crescendologia: o crescendo recorrência-recrudescimento-cronicificação; o crescendo melin-melex; o crescendo abandonar patoposturas–assumir ortoposturas.
          Trinomiologia: o trinômio orgulho ferido–teimosia infantil–inflexibilidade emocional; o trinômio discordâncias-desavenças-antipatias; o trinômio inveja-raiva-ingratidão; o trinômio estereótipos-preconceitos-apriorismoses; o trinômio imaturidade-inexperiência-ignorância; as repetições dispensáveis do trinômio opiniões-preferências-ações; a postergação do trinômio correções-retratações-reconciliações.
          Polinomiologia: o polinômio desafeições crônicas–rivalidades vingativas–desencontros afetivos–interprisões grupocármicas; o polinômio autassedialidade-autocorrupção-autodesorganização-autoacriticidade.
          Antagonismologia: o antagonismo retroafeto maduro / retroafeto imaturo; o antagonismo retroafeto benévolo / retroafeto malévolo; o antagonismo retroafeto amistoso / retroafeto belicoso; o antagonismo retroafeto aglutinador / retroafeto desaglutinador; o antagonismo retroafeto ingênuo / retroafeto doloso; o antagonismo retroafeto fugaz / retroafeto cronicificado; o antagonismo retroafeto reconhecido / retroafeto ignorado.
          Paradoxologia: o paradoxo na escolha de perpetuar o passado no presente; o paradoxo da consciência vingativa colocar os desafetos no papel de protagonistas da própria vida; o paradoxo de a autopensenização envenenada contra outrem envenenar primeiramente, e mais intensamente, a psicosfera da consciência patopensenedora.
          Legislogia: a lei de talião; a lei do retorno.
          Fobiologia: a neofobia; a xenofobia; a decidofobia; a autopesquisofobia; a autocriticofobia; a recinofobia; a raciocinofobia.
          Sindromologia: a síndrome da ectopia afetiva (SEA); a síndrome do estresse pós-traumático; a síndrome do ostracismo; a síndrome do estrangeiro; a síndrome da abstinência da Baratrosfera (SAB); a síndrome da autopatopensenidade; a síndrome da autovitimização.
          Maniologia: a nostomania; a egomania; a patomania; a subcerebromania; a apriorismomania; a megalomania; a toxicomania.
          Mitologia: os mitos pessoais quanto às vidas pregressas.
          Holotecologia: a psicossomatoteca; a psicologicoteca; a historioteca; a ressomatoteca; a conflitoteca; a energoteca; a psicopatoteca.
          Interdisciplinologia: a Psicossomatologia; a Seriexologia; a Grupocarmologia; a Interprisiologia; a Retrocogniciologia; a Mesmexologia; a Mimeticologia; a Parapatologia; a Perdologia; a Autenganologia.


                                            IV. Perfilologia

          Elencologia: a pessoa anacrônica; a conscin antepassada de si mesma.
          Masculinologia: o conservador; o tradicionalista; o interiorota; o apriorota; o preconceituoso; o elitista; o xenófobo; o racista; o vingativo; o justiceiro; o raivoso; o magoado; o ressentido; o melindrado; o aborrecido; o amuado; o autovitimizado.
          Femininologia: a conservadora; a tradicionalista; a interiorota; a apriorota; a preconceituosa; a elitista; a xenófoba; a racista; a vingativa; a justiceira; a raivosa; a magoada; a ressentida; a melindrada; a aborrecida; a amuada; a autovitimizada.
          Hominologia: o Homo sapiens anachronicus; o Homo sapiens automimeticus; o Homo sapiens acriticus; o Homo sapiens irrationalis; o Homo sapiens autocorruptus; o Homo sapiens immaturus; o Homo sapiens autobsidiatus.


                                          V. Argumentologia

          Exemplologia: retroafeto deslocado amoroso = o endosso sentimental incondicional aos desmandos do amigo multissecular; retroafeto deslocado raivoso = a desaprovação incondicional aos atos do desafeto multissecular; retroafeto deslocado queixoso = a cobrança incondicional do filho adulto aos pais vivos ou dessomados.
          Culturologia: os cacoetes culturais holobiográficos; os idiotismos culturais.
          Acriticismo. A condição do retroafeto deslocado sinaliza a falta ou a superficialidade do exame autocrítico para a definição realista das bases dos sentimentos pessoais e do exame heterocrítico para a aferição da fidedignidade nas interpretações de manifestação alheia.
          Apriorismo. Essa baixa criticidade propicia a distorção de fatos e parafatos, de modo intencional ou não, na tentativa de reafirmar juízos prévios firmados e mantidos inabalados.
          Estagnação. Os afetos retrógrados, positivos ou negativos, reeditados irrefletidamente, propiciam a reprise interminável de modelos imaturos de relacionamento interconsciencial, impossibilitando a renovação na maneira de perceber, entender e atuar perante o outro.
          Considerações. Sob a ótica da Interprisiologia, eis, por exemplo, em ordem alfabética, 6 condições imaturas, antievolutivas e inassistenciais, passíveis de serem incitadas por retroafetos deslocados, vivenciadas pela conscin incauta devido a hábito condicionado, preguiça de reciclar convicções ou opção teimosa:
          1. Acumpliciamento. A evitação de oposição cosmoética perante as erronias do ser estimado, seja para não enfrentar os abalos na pseudo-harmonia convivencial ou pela ingenuidade de pensar o auxílio apenas enquanto consolações e aplausos, omite esclarecimentos evolutivos providenciais. Do amigo verdadeiro espera-se a maior sinceridade. Apontar empecilhos autevolutivos e auxiliar a ultrapassá-los é corajosa prova de amizade.
          2. Assedialidade. A conservação obstinada de emoções doentias dirigidas ao suposto algoz, intoxica a própria psicosfera, subjuga a consciência ao primado do psicossoma e destila energias poluentes. A vingança adquire inúmeras facetas: mágoas eternizadas são tentativas silenciosas de castigar o algoz, impedindo-o de esquecer erros pretéritos. São os assediadores os maiores interessados em exaltar o lado pior de tudo e todos.
          3. Estigmatização. A fixação de conceito equivocado sobre outrem, a partir de generalização descriteriosa de trafar ou trafor manifesto no passado, desconsidera possíveis renovações ou regressões e impede reconciliações ou prevenções. Não admitir as recins alheias indica a própria incompetência em efetivar as próprias recins prementes. As pessoas mudam e podem mudar em ritmo mais acelerado se comparado a você.
          4. Imperdoamento. A rejeição reiterada da personalidade considerada ex-algoz, mantida em contínuas evocações do papel doentio representado anteriormente, impede a admissão da postura assediadora assumida e a pesquisa do possível ciclo algoz-vítima mantido por ambos. Quem quer ser perdoado, perdoa. O gabarito assistencial é mensurado quando se acolhe a assistência do ex-algoz.
          5. Interprisão. A perpetuação de retroexperiência vitimizante, ao revivê-la intimamente nas vidas subsequentes, sustenta a vinculação afetiva patológica. O orgulho ferido fixa desafeições e aprisiona o orgulhoso justamente a quem mais desejaria manter distante. O olhar emocionado e a irreflexão autocrítica impedem a detecção do percentual de autorresponsabilidade em situações vitimizadoras.
          6. Mitificação. A criação de enredo fantasioso sobre relacionamentos pregressos, na busca por explicações imaginárias para a emoção sentida devido à hipomnésia retrocognitiva, mantém a ignorância quanto à holobiografia pessoal. Malestar espontâneo nem sempre sinaliza reencontro com ex-algoz: ex-vítimas incitam grandes incômodos. Bem-querer espontâneo nem sempre sinaliza antigo romance: retroauxílios incitam elevados sentimentos.
          Inferência. No preparo extrafísico para a consecução de maxiproéxis grupal, podemos inferir ter sido promovido o entrosamento sadio de intermissivistas cursistas, futuras minipeças lúcidas, objetivando a formação de senso de equipe multidimensional.
          Ressoma. Entretanto, devido ao restringimento ressomático e a preponderância das influências dos densos holopensenes intrafísicos, no reencontro de intermissivistas é possível eclodirem, em primeiro lugar, as rememorações afetivas provenientes de retrovidas em comum, quando as personalidades envolvidas eram mais imaturas, dificultando o acesso às lembranças do paraconvívio equilibrado após as recins efetivadas no Curso Intermissivo (CI).
          Perdas. Os afetos surgidos, agora anacrônicos, podem tornar-se travões ao trabalho conjunto. Nesse caso, a paramizade construída foi esquecida, os desapreços reavivados, os conflitos egocêntricos valorizados e os propósitos comuns despriorizados.
          Autoinvestigação. A reflexão quanto à possibilidade de ocorrência de tal realidade afetiva, antiproexológica, facilita o sobrepairamento dos sentimentos instigados pela presença do outro, permitindo os investigar de maneira isenta, racional, sincera, minuciosa e paciente.
          Lucidez. A autodisposição para enfrentar a verdade dos fatos e parafatos, eliminando as tentadoras conclusões precipitadas e ficcionalizações de retrovivências compartilhadas, favorece o desenvolvimento gradativo da autolucidez evolutiva, seriexológica e grupocármica, além de permitir avanços na compreensão da primazia evolutiva da interassistencialidade cosmoética.


                                          VI. Acabativa

          Remissiologia. Pelos critérios da Mentalsomatologia, eis, por exemplo, na ordem alfabética, 15 verbetes da Enciclopédia da Conscienciologia, e respectivas especialidades e temas centrais, evidenciando relação estreita com o retroafeto deslocado, indicados para a expansão das abordagens detalhistas, mais exaustivas, dos pesquisadores, mulheres e homens interessados:
          01. Anacronismo: Paracronologia; Nosográfico.
          02. Antepassado de si mesmo: Seriexologia; Nosográfico.
          03. Autodiscernimento afetivo: Mentalsomatologia; Homeostático.
          04. Autoevocação: Mnemossomatologia; Neutro.
          05. Autofracasso deslocado: Autoproexologia; Nosográfico.
          06. Autopostura viciada: Etologia; Nosográfico.
          07. Bagulho autopensênico: Patopensenologia; Nosográfico.
          08. Cacoete holobiográfico: Autoconscienciometrologia; Nosográfico.
          09. Endosso sentimental: Psicossomatologia; Neutro.
          10. Mimeticologia: Intrafisicologia; Neutro.
          11. Orgulho teimoso: Perdologia; Nosográfico.
          12. Primeira impressão: Autodiscernimentologia; Neutro.
          13. Recin intermissiva: Pararrecinologia; Homeostático.
          14. Retropensenidade: Pensenologia; Neutro.
          15. Retropostura: Paraetologia; Nosográfico.
   O RETROAFETO DESLOCADO ENRIJECE CONCEPÇÕES,
    DISTORCE PERCEPÇÕES E OBNUBILA A CRITICIDADE.
    TAL APRIORISMOSE AFETIVA IMPEDE A RECICLAGEM
 COSMOÉTICA DOS VÍNCULOS ENTRE AS CONSCIÊNCIAS.
          Questionologia. Você, leitor ou leitora, identifica retroafetos deslocados direcionados aos compassageiros evolutivos? Quais providências tem sido tomadas diante dessa constatação?
                                                                                             A. L.